DA FÁBRICA

Seu Hilso Gonçalves Magalhães último funcionário Rheinghantz até sua morte,2001 [Arlindo]

Anônimo Renato disse...
À frente de todos, cumprindo a função de vigilante da fábrica, estava seu Hilso, autodefinido como "o guarda da Rheingantz". Era ele quem cotidianamente abria o prédio às 7h30min, fechava às 11h30min, reabria às 13h30min e tornava a fechar às 17h30min. Abrindo e fechando uma fábrica vazia, já completamente deteriorada pelo tempo, percorrendo pavilhões silenciosos que em nada lembravam os ruídos dos teares e filatórios, esse homem mantinha ainda um vínculo com a administração da fábrica, localizada na cidade de Pelotas, em função do qual recebia uma pequena remuneração. Seu Hilso, forma pela qual era comumente tratado, definia seu papel como o de um guardião, o representante do tempo da fábrica, o tempo da memória, que para ele era o da negação do presente. Ao falar sobre o que o motivava a permanecer numa fábrica já desativada e sem um futuro possível, dizia seu Hilso:

Eu morava lá fora, no Povo Novo. Vim para cá para trabalhar na estrada [Rede Ferroviária], mas como a estrada atrasava os pagamentos, vim para Rheingantz, aqui era melhor, pagava em dia e eu vim para cá, passou bastante tempo, e estou até hoje aqui. Peguei amor por essa casa aqui e passo dia e noite nessa fábrica. Cuido todo esse patrimônio, sábado, domingo, qualquer barulho [...] O Dr. Paulo [Diretor da Inca Têxtil] uma vez me perguntou porque eu estava aqui se quase nem pagamento eu tinha. Eu disse que é porque eu gosto daqui, vivi uma vida aqui dentro, eu e muitos viveram uma vida aqui, tem muitos que qualquer coisa estão aqui dentro. (Hilso Gonçalves Magalhães, entrevista em 05/06/1998).

11 de novembro de 2014 21:16
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Renato disse…
À frente de todos, cumprindo a função de vigilante da fábrica, estava seu Hilso, autodefinido como "o guarda da Rheingantz". Era ele quem cotidianamente abria o prédio às 7h30min, fechava às 11h30min, reabria às 13h30min e tornava a fechar às 17h30min. Abrindo e fechando uma fábrica vazia, já completamente deteriorada pelo tempo, percorrendo pavilhões silenciosos que em nada lembravam os ruídos dos teares e filatórios, esse homem mantinha ainda um vínculo com a administração da fábrica, localizada na cidade de Pelotas, em função do qual recebia uma pequena remuneração. Seu Hilso, forma pela qual era comumente tratado, definia seu papel como o de um guardião, o representante do tempo da fábrica, o tempo da memória, que para ele era o da negação do presente. Ao falar sobre o que o motivava a permanecer numa fábrica já desativada e sem um futuro possível, dizia seu Hilso:

Eu morava lá fora, no Povo Novo. Vim para cá para trabalhar na estrada [Rede Ferroviária], mas como a estrada atrasava os pagamentos, vim para Rheingantz, aqui era melhor, pagava em dia e eu vim para cá, passou bastante tempo, e estou até hoje aqui. Peguei amor por essa casa aqui e passo dia e noite nessa fábrica. Cuido todo esse patrimônio, sábado, domingo, qualquer barulho [...] O Dr. Paulo [Diretor da Inca Têxtil] uma vez me perguntou porque eu estava aqui se quase nem pagamento eu tinha. Eu disse que é porque eu gosto daqui, vivi uma vida aqui dentro, eu e muitos viveram uma vida aqui, tem muitos que qualquer coisa estão aqui dentro. (Hilso Gonçalves Magalhães, entrevista em 05/06/1998).

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