PORTO NOVO - 100 ANOS
O porto novo faz 100
anos!
Por Willy Cesar
O
porto novo do Rio Grande foi oficialmente inaugurado em 15 de novembro de 1915.
Porém, a entrada do navio-escola Benjamin Constant, em 1º. de março daquele
ano, representou o teste para o calado do porto, significando que funcionara o
sistema de dragagem natural, proposto pelo engenheiro brasileiro Honório
Bicalho e referendado pelo engenheiro holandês Pieter Caland.
As
obras do novo cais de porto e os molhes da barra foram construídos pela
Companhia Francesa do Porto do Rio Grande, e tiveram contrato assinado em 1908,
cujos financistas foram os magnatas Hector Legru, francês, e Percival Farqhuar,
norte-americano, que lideraram outros grupos financiadores internacionais e
brasileiros. Houve um contrato anterior, em 1906, assinado com o engenheiro
Elmer Cortheill, norte-americano, mas foi rescindido dando lugar ao documento
assinado com a companhia francesa.
Voltemos
aos meses de março e novembro de 1915.
Noticias
da imprensa de Rio Grande, em O Tempo,
2-3/março/1915, p. 2:
Está atracado no novo
porto do Rio Grande, desde ontem, o navio-escola Benjamin Constant, da Marinha
do Brasil, calando 6,35 metros ao entrar na barra, na véspera. O navio tem
tripulação de 408 homens, uma banda de música e equipes de futebol. O
secretário do Sport Club Rio Grande foi ontem à bordo para apresentar as boas
vindas à tripulação e convidar a equipe de futebol para um match, nos próximos
dias, provavelmente domingo.
A Associação Comercial (Câmara de Comércio atual) dirigiu telegrama ao ministro Tavares de
Lyra, da Viação, no Rio. A entrada do Benjamin Constant calando 6,35 m é a
verificação oficial do calado na barra, assegurando a franca navegabilidade a
este porto para navio de igual porte.
E
dias 6, 8 e 12/março/1915 são publicadas as seguintes notas:
Amanhã, SCRG x Benjamin Constant, no ground do sport club local.
O anfitrião vai formar
assim: Patinho, Cunha e Dias; Betinho, Miloca e Miranda; Nestor, Machado,
Alberto, Cecil (capitão) e Alfredo.
A equipe de marinheiros
do Benjamin Constant: Carneiro, Joppert, H. Silva, J. Ferreira, J. Francisco e
J. Souza; A. Cláudio, G. Palha, Leite, Américo e Hecksher.
Ontem, no ground do
SCRG, no boulevar Buarque de Macedo, o jogo entre o veterano e a equipe de
marinheiros visitantes foi abrilhantado pelas bandas de música do navio e da
Escola de Aprendizes Marinheiros de Rio Grande.
O placar foi 8 a 0 para
o time da casa. E preservando o bom espírito esportivo, o comando do
navio-escola Benjamin Constant encaminhou telegrama agradecendo a acolhida do
SCRG em sua praça de esportes.
A embarcação deixou o
porto do Rio Grande no dia 11 de março, com muita gente despedindo-se dos
oficiais e marinheiros no cais do porto novo.
E
em novembro, acontece a inauguração oficial das obras do porto novo e molhes da
barra, no dia 15, como informa o jornal O
Tempo, na data de 16/11/1915, p. 2.
Inaugurados o trecho de
1 mil metros de cais do porto, ontem, às 15h, em cerimônia sem a participação
popular, no Armazém A-3. Discurso do engenheiro Ávila da Silveira, chefe da
fiscalização do porto do Rio Grande.
Nem
o intendente de Rio Grande, dr. Alfredo Soares do Nascimento, muito menos o
presidente (governador) do Estado do Rio Grande do Sul, Antonio Borges de
Medeiros, compareceram à cerimônia. A Intendência (o mesmo que Prefeitura de
hoje) foi representada pelo vice-intendente Francisco Campello. O intendente
estava em viagem.
Mais
detalhes no livro a sair “A cidade do Rio Grande – Do big bang a 2015”, pela
editora Top Books, Rio de Janeiro.
Homenagem:
ao meu saudoso pai Anselmo Dias Ferreira, humilde estivador, e aos meus irmãos,
conferentes, dedicaram sua vida inteira ao trabalho difícil e perigoso no porto
do Rio Grande e a construir nossa família.
Fontes:
acervo de jornais e fotos da Bibliotheca Rio-grandense para texto; acervo de
Olavo Albuquerque para a foto do Benjamin Constant.
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