DEU NA PRAIA... === Esta postagem podes encontrar em "Fatos e Coisas de Antanho"! (Acostuma-te a visitar as abas do Blog).
Um dia destes lembrei de uma
situação curiosa que se passou lá pelos idos de 1980 e poucos e que repercutiu
entre a gurizada da minha época, ou seja: todos aqueles que hoje dizem que até
fumaram, mas com certeza não tragaram. Pois aconteceu que um navio cargueiro
chamado “Solana Star”, procedente da Indonésia e com destino aos Estados
Unidos, fumegava, digo navegava tranquilamente pelo nosso belo litoral, quando
a tripulação foi avisada que o navio seria interceptado ainda em alto-mar pelas
autoridades brasileiras e pela Agência Anti-drogas americana. Como o
carregamento nada tinha de inocente, os marujos trataram de alijar a carga em
alto mar e se escafederam tão logo chegaram ao Rio de Janeiro. Parece que só
foi detido o cozinheiro do navio, devidamente encarcerado pelas autoridades
locais. A tal carga lançada ao mar, segundo informaram os jornais da época, era
de cerca de 15.000 latas de maconha hermeticamente fechadas, cada uma contendo
mais ou menos 1 kg do “produto”. As latas aportaram nas nossas praias e fizeram
a alegria e a cabeça da “magrinhagem” tupiniquim que frequentava o litoral
brasileiro naquele verão. Segundo aqueles que fumaram e tragaram, o “bagulho”
era de excelente qualidade, o que acabou elevando estratosfericamente os preços
e provocando uma inflação sem precedentes no mercado doméstico da “marijuana”.
Parece que algumas latas deram á costa na nossa Praia do Cassino, lá pelos
confins do Brasil, o que motivou muita gente á montar expedições de busca e
salvamento para resgatar o precioso material. Dizem que tais expedições se
estenderam dos molhes da barra do Porto do Rio Grande ao Chuí e muito além
disso. Os boatos inundaram a cidade e os "fornecedores" não tinham
mãos a medir para suprir a demanda e a produção nacional foi desprezada, pois o
pessoal só queria saber se tinha aquela “da lata”, a "marijuana"
importada. O evento gerou inúmeras lendas e aqueles que viveram o episódio
certamente vão lembrar do imenso rebuliço que o fato causou na turma da
“esquadrilha da fumaça”. Nunca vi nenhuma lata e também não sei se aquela que
fumei (mas não traguei) veio do tal navio. Só sei que o “material” foi
consumido por alguns verões no litoral brasileiro e ficaram as histórias, quase
esquecidas, até porque tem muita gente “respeitável” que prefere não tocar no
assunto. Ainda hoje, “da lata” é usado por alguns como sinônimo de boa
qualidade, numa homenagem ao insólito material vindo do mar e generosamente
cedido pelos marinheiros do “Solana Star” como um presente de Netuno para o
“fumacê” dos “doidos” brasileiros. Alguns vão gostar de relembrar o pitoresco
episódio que foi um marco na história da “magrinhagem” nacional. Outros com
certeza, vão fazer aquela cara de “não é comigo e não sei de nada”, mas o fato
é que tudo isto aconteceu e não é lenda. Sossega gente. Se passaram muitos anos
e dizem que o “Durango Kid”, aquele que assombrou a garotada da época e as
festas do litoral gaúcho, já se aposentou. Parece que mora em Porto Alegre, e
que pode ser encontrado vagando com seus olhos de lince nas proximidades da
Redenção. De qualquer maneira, é bom ter cuidado! Bem!! Se a coisa engrossar,
sempre podemos afirmar que até fumamos, mas com toda a certeza, não tragamos,
certo? [Luiz Carlos Rivera]
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Comentários
Eu lembro das latas que apareceram na Restinga da Marambaia, no Rio de Janeiro, onde fica o Campo de Provas do Exército. A praia tem cerca de 45 Km de extensão e nela chegaram muitas latas. Roberto Rover Baptista