MULHER PAPAREIA!

Poucos sabem quem foi essa mulher.
Ela foi uma pioneira.
Rita Lobato Lopes, gaúcha da cidade do Rio Grande, foi a PRIMEIRA mulher a se formar em medicina no Brasil e a segunda na América do Sul. Formou-se em 1887 na Faculdade de Medicina da Bahia.

A primeira médica a ser formar em terras brasileiras, Rita Lobato Velho Lopes, nasceu prematura de sete meses, em São Pedro do Rio Grande, na província do Rio Grande do Sul, dia 09 de junho de 1866. Ainda criança revelou a sua mãe que gostaria de ser médica, como era o clínico de sua família, um italiano chamado doutor Romano.

Estudou o primário em Areial, o secundário em Pelotas, e o que se chamava de preparatório para ingressar na faculdade em Porto Alegre. Perdeu a mãe aos 17 anos, que faleceu aos 41 anos de hemorragia depois do 14º parto, em 1883. Junto com a família, Rita transferiu-se, em 1884, para a capital do Império onde se matriculou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Por causa de uma briga envolvendo agressão corporal causada por discussão entre seus filhos homens e alguns professores, a respeito da reforma que alterava o regulamento das escolas superiores, Francisco Lobato Lopes resolveu levar seus filhos para a Bahia, inclusive Rita, que estava no segundo ano médico para a Faculdade de Medicina da Bahia.

Rita diplomou-se em medicina na turma de 1887, aos 21 anos. Em seguida retornou com o pai e os irmãos, para o Rio Grande do Sul, onde exerceria a profissão por 40 anos.

Nas eleições de 1934, aos 67 anos, ela se candidatou e foi eleita a primeira vereadora de Rio Pardo, no Rio Grande, mandato que se encerrou com o golpe do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1937. Recolheu-se as atividades particulares na mesma cidade onde morreu aos 88 anos, no dia 6 de janeiro de 1954.

As pesquisas documentais e testemunhais realizada pelo falecido professor Alberto Silva, da Faculdade de Medicina da Bahia e do Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Afins, há mais de meio século, atestam que Rita Lobato Velho Lopes foi de fato a primeira médica brasileira diplomada no Brasil na especialidade obstetra e a segunda médica titulada na América do Sul. As conclusões de Alberto Silva estão reunidas nas 250 páginas do livro de sua autoria “A primeira médica do Brasil”, Irmãos Pongetti – Editores, Rio de Janeiro, 1954.


Comentários

Jair Ferreira disse…
Curiosamente, entre os 11 formandos da primeira turma (1904) da Faculdade de Medicina de Porto Alegre (hoje Faculdade de Medicina da UFRGS) havia uma mulher: Doutora Alice Maffer. A segunda mulher a se formar no RS foi a Dra. Noemy Valle da Rocha, em 1917, e a terceira, em 1928, foi a Dra. Izolina Miranda Dutra que exerceu a profissão em Rio Grande. Abração. Jair Ferreira.
Eurico Estima disse…
Jair: Lembro bem de Dra. Izolina. - Ela era Laboratorista da Beneficência Portuguesa e seu laboratório ficava próximo da porta que dava para a Dr. Nascimento. - Junto ficavam as gaiolas dos ratinhos que eu gostava de olhar. Se não me falha a memória os testes de gravidez eram feitos com os ratinhos (cobaias vivas). Tinha um Opel Olympia talvez 1950
Eurico
Jair Ferreira disse…
Eurico. Eu lembro a Dra. Izolina atendendo a minha mãe a domicílio, na nossa casa na Rua Gen. Câmara 169, de onde nos mudamos quando eu tinha 4 anos e 3 meses. Eu era, portanto, muito pequeno, mas lembro bem que me marcou o fato de ser uma mulher médica; até então eu só sabia da existência de médicos do sexo masculino. Abração. Jair.
Magrowski disse…
Que legal o Papareia voltando ao normal, com comentários e tudo.

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